19/02/2009

Consumidores portugueses podem estar a consumir peixe pirata


Lisboa, Portugal — Consumidores portugueses ainda não podem consumir peixe com a garantia de que este não é proveniente de pesca pirata. As maiores cadeias de distribuição alimentar de Portugal não forneceram à Greenpeace informações conclusivas sobre as embarcações que capturaram o peixe que vendem.


Nas últimas semanas, a Greenpeace entrou em contacto com as cinco maiores redes de supermercados de Portugal (Lidl, Auchan, Sonae Distribuição, Jerónimo Martis e Os Mosqueteiros) para obter informações concretas sobre a origem exacta de algumas das espécies de peixe que se encontram nas suas prateleiras. O inquérito tomou como foco peixes de profundidade que se encontram na Lista Vermelha de espécies ameaçadas da Greenpeace - por exemplo o bacalhau, o peixe vermelho, o alabote e a solha - e que são capturados pelo Grupo Silva Vieira, proprietário de quatro embarcações que constam na Lista Negra de barcos piratas da Greenpeace Internacional.


"A Greenpeace solicitou aos supermercados a lista completa das embarcações que forneceram estas espécies nos últimos três anos e, ainda, a suspensão imediata de qualquer tipo de relação comercial com empresas que financiam a pesca pirata, como o caso do Grupo Silva Vieira”, informou Beatriz Carvalho, representante da campanha de oceanos da Greenpeace em Portugal. “O que concluímos é que os supermercados não podem ou não querem, hoje, fornecer informações conclusivas sobre a origem do peixe que comercializam, embora seja reconhecido o esforço por parte de algumas destas cadeias em nos fornecer os dados requeridos”, continuou.

Cadeias de supermercados não querem ou não são capazes de informar sobre a origem do peixe que vendem.

Das cinco redes que a Greenpeace consultou, apenas a Auchan, a Lidl e a Sonae Distribuição responderam ao pedido de informação. As três cadeias garantiram que não possuem qualquer tipo de relação comercial com o Grupo Silva Vieira, ou com outras empresas presentes na Lista Negra de navios piratas da Greenpeace Internacional, mas até à data presente não revelaram os nomes das embarcações responsáveis pelo fornecimento, nos últimos três anos, das espécies de profundidade referidas em cima.


“A Greenpeace reconhece e agradece o esforço destas três cadeias de supermercados para fornecerem as informações requeridas e vê nesta atitude um sinal de que estes supermercados pretendem dar um passo na direcção correcta. No entanto, de toda a informação que recebemos, temos que concluir que, neste momento, nenhuma das cadeias é capaz de garantir aos seus consumidores que não vendem peixe proveniente de navios piratas”, afirmou Beatriz. Possuir estes dados é fundamental para assegurar a comercialização de peixe sustentável, o que implica que os supermercados saibam exactamente o caminho que o peixe percorreu, desde a sua captura até chegar nos seus balcões.


A Greenpeace está a pedir aos supermercados que adoptem uma política de transparência total em relação ao peixe que vendem e que vendam apenas peixe que possa ser rasteado até o navio que o capturou de forma legal e sustentável.

Enorme placa de gelo desprende-se na Antárctica

Um bloco de gelo com cerca de 14 mil quilómetros quadrados desprendeu-se da plataforma de Wilkins, na Antárctida, revelaram cientistas espanhóis que se encontram na região a estudar os efeitos do aquecimento global.

Segundo a edição online do diário "El Mundo", os investigadores referem que o bloco, com duas vezes o tamanho do País Basco, está a fender e um quarto da superfície total já colapsou, dando origem a enormes icebergs, agora à deriva no mar de Belinghausen, a oeste da península Antárctica.

Em declarações ao PÚBLICO por email, Carlos Duarte cientista a bordo do navio de expedição oceanográfica “Hespérides”, explicou que a campanha espanhola testemunhou também durante as últimas três semanas um recuo de 500 quilómetros na camada de gelo que cobre o mar naquele sector do Antárctida.

O cientista espanhol explica que, depois do degelo sem precedentes registado no ano passado, o actual Verão austral “está a ser muito quente” e a dar lugar a preocupantes desprendimentos. “Estamos a viver estes acontecimentos na primeira pessoa e não podemos ficar impávidos perante o que estamos a ver. As alterações climáticas são um problema sério, que parece estará a acelerar e em relação ao qual temos de actuar sem demora”.
17.02.2009 PÚBLICO